De cada entrevista que fizemos, em todas o clima pesou quando se tocou no assunto da morte dele. E opinião uníssona de todos os entrevistados: a polícia foi negligente. Talvez pela vida um tanto desregrada que Betho levava, talvez por ser homossexual, talvez por não medir palavras e com isso angariar um sem-número de desafetos, talvez por arranjar problemas com a própria polícia, o assassinato de Betho foi pouco investigado. Em seu depoimento Silvio Margarido disse, com extremo rancor, que para a polícia foi muito mais fácil culpar o próprio Betho por sua morte, tendo em vista o "tipo de vida que levava". Muitos de seus amigos investigaram por conta própria o ocorrido, se expondo a um risco desnecessário. Porque na cabeça deles, nada justificaria aquela morte, independente de qualquer coisa que Betho fizesse. Porque por mais polêmico que fosse, por mais brigão e implicante que pudesse parecer, Betho era mais uma apaixonado pela arte e fazia disso sua própria vida.
Alguém nas entrevistas chegou a dizer que sabia que o Betho sofrera uma ameaça de morte de um outro alguém muito importante da época, informação que não será reproduzida por mera responsabilidade jurídica. Até porque o intuito do documentário não é investigar o assassino e fazer justiça com as próprias mãos; queremos apenas recuperar uma memória. Uma memória feita de paixão e sonhos.
Ficamos, então, nesse 1º de setembro, com a lembrança do que nos disse Fátima Almeida em sua entrevista: o assassinato de Betho assemelha-se ao sacrifício. E é uma tragédia porque a vida dele era assim: uma grande tragédia. Uma tragédia a la Pasolini.
Fotos: acervo do Patrimônio Histórico Estadual
Vai ficar foda, muito interessante conhecer a história de alguém interessante assim.
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